Essa semana eu fiquei pensando
em quais as características que encontramos em alguém que admiramos.
Ontem eu assisti na GNT um
documentário sobre exploração infantil e uma das entrevistadas era Patrícia
Saboya, uma mulher forte e nem por isso com menos sentimento, uma mulher de
coragem que vai à luta por aquilo que acredita. E então percebi que de todas as
pessoas que eu admiro, me chamam a atenção pela firmeza, a consistência da
pessoa em si. Pessoas que tem consciência de onde querem chegar, do espaço que
as cercam e não tem medo de caminhar na direção do que querem para si e para o
mundo.
E então eu pergunto: E você?
Você mesmo que está lendo esse artigo. Quando foi a última vez que você fez
algo por você? Pensando nos seus desejos e valores, sabendo quem é e aonde quer
chegar?
E pasmem! Existem pessoas que
nunca tiveram sequer um único momento de introspecção na vida, fogem de ficarem
em silêncio e abominam estar sozinhas porque o que há dentro delas começa a
colocar a asinha de fora, começa chamar a atenção, e então rapidamente,
procuram um lugar para ir, algo para comprar ou até mesmo para comer. Qualquer
coisa menos olhar para dentro. Parecemos crianças que ao escutar um barulho a
noite temos medo de ver o que há embaixo da cama e encontrar o pior dos
monstros, que vai nos engolir inteiros em um processo fulminante de dor.
Olhar para dentro de si não é
fácil mesmo, e menos ainda prazeroso quando não se tem o hábito, mas com o
passar do tempo em algum momento da vida sentimos a necessidade de adentrar
aquele cômodo escuro que há em nós onde entulhamos todo tipo de tralha,
lembranças e sentimentos que não usamos mais, que doeram muito e por vezes
ainda doem. Traumas de quando éramos crianças e até mesmo o que nos causa
desconforto depois de adultos.
E o que eu peço a você é que
mesmo sem coragem pare na frente da porta desse cômodo, olhe para ela se
acostume a ela e somente quando se sentir confiante comece a destrancá-la. Tudo
em nossa vida é representado por fases até mesmo o autoconhecimento, não dá
para entrar nesse quarto escuro e andar até a janela e abri-la se o que há em
você te causa assombro, você primeiro de tudo precisa querer, tem que se sentir,
se conhecer e depois de um passo o outro, reconheça cada local, cada coisa
guardada lá e quando sentir que é a hora abra a janela, olhe de frente para o
que há nesse quarto, espane a poeira e escolha aquilo de que já pode se
desfazer, aquilo que ainda não está pronto para deixar, nada disso, nenhum
desses processos requer pressa, pelo contrário o tempo necessário para isso
quem ditará é você, o tempo que precisará para sentir cada coisa ai guardada e
resignificá-la dentro de você. Sinta a liberdade de tocar o que é seu, no que
depende de você, de acordo com o seu limite. Sente-se em um lugar calmo,
coloque uma música, faça o que quiser, sinta-se bem, a prioridade é você,
escute-se.
Para o que já foi reserve apenas
a experiência, para aquilo que ainda acontece, daqui para frente você pode
fazer melhor, e quando tudo estiver tão bagunçado, confuso e você sentir dor,
não volte para trás e tranque a porta novamente, fique onde está e procure
alguém, uma amiga, um parente e até mesmo um profissional, mas na certeza de
que você é capaz e tem total competência de lidar com o que é seu, que você é
forte o bastante para melhorar quem você já é. E lembre-se sempre das grandes
pessoas que passam pela nossa vida, da força que elas têm, da coragem e firmeza
com que elas caminham na direção que elas escolheram seguir.
Para cada um de nós há um grau
de dificuldade, pessoas reagem de forma diferente a uma mesma situação, mas o
mais importante é que você saiba - que leve o tempo que levar daqui para frente
não tem mais que ser como antes.
É difícil? Pode até ser, mas você
vai chegar lá, você abrirá a janela desse seu quarto escuro e dirá: “Quem manda
aqui sou eu”. Simples assim.
Todos podem ir, mas se você vai
estar aqui eu também estarei, seja como for, hoje será diferente de ontem e o
amanhã virá.
Beijos Pieces e até.